CÓDIGO DE CONDUTA - Uma importante ferramenta de gestão empresarial

  • 18/04
  • Pessoal

O Código de Conduta das empresas é uma importante ferramenta de gestão e promoção da cultura organizacional e deve refletir os princípios que pautam a atuação da organização.  O Instituto Ethos conversou com Lélio Lauretti sobre a importância desse instrumento para as empresas. Lauretti é um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e foi um dos consultores responsáveis pela última atualização do Código de Conduta do Instituto Ethos, divulgado em novembro do ano passado. Confira a entrevista na íntegra.


Ethos: Como um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em 1995, em que sentido o senhor acredita que o Código de Conduta contribua para as boas práticas de governança corporativa?
Lélio Lauretti: O Código de Conduta é um conjunto dos princípios éticos da empresa e, portanto, da sua gestão. O material deve ser um guia para a atuação e deve conter recomendações para as empresas. O conteúdo do código deve ser derivado de princípios éticos e contemplar os valores da organização; deve ser uma ponte entre a ética e a empresa. O objetivo é que esse documento seja um guia tanto para os colaboradores da empresa quanto para aqueles que se relacionam com a empresa, como fornecedores, por exemplo.


Ethos: A ética empresarial pode ser fomentada a partir dessa ferramenta?
Lélio Lauretti: Esse fator depende da forma como o Código de Conduta for implantado. O código deve conter os princípios éticos da empresa e não ser um conjunto de regras disciplinares ou de indicativos de como as pessoas devem se comportar. Deve ser mais abrangente e tratar da essência da empresa. Por exemplo, as questões disciplinares e comportamentais devem ser parte de um outro documento, que fica a cargo da área de gestão de pessoas, assim como as questões de integridade e corrupção, que devem ficar como responsabilidade da equipe de compliance. Uma iniciativa da alta gerência, do alto escalão da empresa de igual teor para todos os colaboradores. Além de ter como objetivo promover uma cultura ética na empresa, baseado nos princípios de confiança, respeito e solidariedade.

Ethos: De que forma a internalização dos conceitos do Código de Conduta podem se traduzir nas relações externas da empresa?
Lélio Lauretti: O Código de Conduta deve ser usado como orientador em todas as relações da empresa, sejam elas internas ou externas. Com um Código de Conduta bem difundido e que reflete a realidade e os princípios das empresas, as relações externas vão se incluir nos princípios do código, influenciando as relações da empresa tanto com seu público interno quanto com suas relações externas, como acionistas e fornecedores. O Código de Conduta de uma empresa, nesse sentido, precisa ser apresentado a quem ela se relaciona. Se uma empresa tem um princípio ético bem definido e ela conhece seus fornecedores bem, ela não vai negociar com uma empresa envolvida em alguma situação que não condiz com o seu Código de Conduta, por conseguinte, com sua cultura organizacional.


Ethos: O que demanda à organização a implementação do Código de Conduta?
Lélio Lauretti: O ideal é que esta iniciativa seja totalmente promovida pelo Conselho de Administração e, na falta desse órgão, pelo presidente da empresa. O melhor sistema para a elaboração do código é criar um grupo de trabalho (GT) formado por pessoas de várias áreas, focando na diversidade de opiniões e percepções da realidade da empresa. O próximo passo é realizar uma pesquisa de clima organizacional ou contar com o apoio da equipe de gestão de pessoas, caso a pesquisa já não seja realizada. O objetivo da pesquisa é verificar quais são os problemas nos relacionamentos internos e externos e identificar os conflitos de interesse. A partir da avaliação, o GT escolhe os princípios éticos que mais saltaram aos olhos na pesquisa, que compõem a cultura organizacional e escrevem o documento. Depois de pronto, é preciso constituir o ente curador da ética da empresa, na maioria dos casos, chamado de Comitê de Ética. Para a composição desse grupo, indica-se pessoas com um tempo mínimo de casa, 2 ou 3 anos. Esse grupo tem o papel de divulgar e zelar pelo Código de Conduta e desenvolver ações de comunicação advogando pela sua implementação, tirando dúvidas dos colaboradores e recebendo as denúncias de possíveis violações. Esse grupo não deve ser responsável pela punição em caso de violações, essa deve ser uma função das gerências.


Ethos: Qual ou quais fatores são indispensáveis em um Código de Conduta?
Lélio Lauretti: Os pontos essenciais de um código são: objetivo do documento; abrangência; princípios básicos/éticos, ou seja, quais são os conceitos dos princípios; o que se entende por eles e algumas normas do que é permitido ou não fazer. O código também deve prever os mecanismos de gestão do código, geralmente feito pelo comitê de ética da empresa.


Ethos: Quais são suas recomendações às organizações que desejam tornar o código de conduta uma ferramenta “viva” aplicada pelas pessoas para a resolução de seus dilemas no dia-a-dia?
Lélio Lauretti: A incorporação do código de conduta pela organização é essencial para a cultura organizacional ética e é um processo. Com a incorporação, essas questões vão nortear as relações internas e externas da empresa com fornecedores e acionistas por exemplo, portanto, as relações passam a ser pautadas por essa conduta. A ética está muito em voga porque passamos por períodos em que as decisões da sociedade eram tomadas apenas em função de interesses puramente econômicos. Como consequência de um mundo mais conectado, atualmente, as decisões levam em consideração o bem comum, a prioridade de investimento não deve ser apenas o interesse econômico. O setor empresarial é um organismo importante para a sociedade brasileira e pode influenciar e apoiar essa mudança, com princípios baseados na ética, incorporando premissas de confiança, respeito e solidariedade.

Fonte: Equipe Ethos

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